O galo, enquanto espécie animal, recebeu inúmeros significados na
história da humanidade. Um exemplo simbólico se trata da passagem bíblica do
livro de Lucas, onde se constata a presença da fala de Jesus Cristo com relação
à negação de Pedro à personificação de Deus na Terra. O galo, naquela ocasião,
tinha cantado assim que Pedro tinha negado Cristo pela terceira vez. Ao lembrar
do que Jesus tinha falado, Pedro chorou e se arrependeu. Portanto, o Galo
aparece como o presságio de um acontecimento futuro, recebendo uma notoriedade
religiosa por estar presente no evangelho da tradição cristã.
Entretanto, muito mais que isso, o
galo passou a ser um símbolo do folclore norte-rio-grandense e teve suas
origens nas práticas artesanais da população do município de São Gonçalo do
Amarante. Em 2016, foi erguida uma escultura do Galo Branco em uma praça da
localidade de Santo Antônio do Potengi, antigo Santo Antônio dos Barreiros. Ela
possui doze metros de altura e foi construída com recursos da Fundação Cultural
Dona Militana. Essa fundação é uma das instituições que tem por objetivo a
preservação do patrimônio cultural, especificamente em se tratando da cidade.
Infelizmente, são poucos os
registros históricos encontrados explicando sobre a origem do Galo Branco de
São Gonçalo do Amarante. Isso se deve pelo fato de que pouco se deu importância
à catalogação dos elementos artístico-culturais típicos do município. O que se
sabe é que o Galo foi idealizado para a construção de quartinhas de barro,
confeccionadas inicialmente pelo falecido artesão Antônio Soares. Antigo
morador da localidade de Santo Antônio do Potengi, dedicou boa parte de sua
vida ao artesanato, deixado como herança das gerações passadas. O artesanato
tradicional é uma atividade comum naquela região, destacando a argila e a
cerâmica como materiais mais trabalhados. As quartinhas são espécies de vasos
que tem por finalidade armazenar água. A ideia de representar um galo nesses
produtos foi feita por ele. À sua tradição, daria continuidade Maria Felipe das
Neves, popularmente conhecida como Dona Neném. Aos doze anos de idade, já tinha
se tornado aprendiz de Antônio Soares, a qual começou ajudando o mestre a
alisar as peças de barro. Posteriormente, Dona Neném adotou um estilo próprio
de fazer artesanato: enquanto Antônio Soares se dedicava à produção de
artefatos que possuíam valor de uso exclusivo, ela, por sua vez, passou a
elaborar peças decorativas a base de cerâmica. Por isso, o Galo, que antes
funcionava como pote para guardar água, passa a ser um objeto de artesanato
para valorização estética, além de também passar a ser conhecido como Galo de
Dona Neném.
O Galo Branco se populariza durante
os mandatos do prefeito Djalma Maranhão durante a década de 1960, nos quais
ocorreram diversos Festivais de Cultura Popular, a exemplo do Festival Nacional
do Folclore, onde artistas potiguares se reuniam para apresentar seus
trabalhos, assim como intelectuais preocupados com a preservação da cultura
faziam suas pesquisas de campo. Nesse evento, o Galo de São Gonçalo foi visto
como ícone da cultura potiguar. Além disso, na década de 70, ele também aparece
nos materiais de divulgação da Festa do Folclore Brasileiro, de 1975, e da II
Semana de Cultura Nordestina, de 1979. Já em 1996, o Galo Branco é reconhecido
oficialmente como símbolo do folclore potiguar.
Referências
bibliográficas:
PAIVA, Lara. E
Esse Galo No Meio De São Gonçalo Do Amarante? São Gonçalo do Amarante.
Brechand, 21 de jun. de 2016. Disponível em: <https://brechando.com/2016/06/21/e-esse-galo-no-meio-de-sao-goncalo-do-amarante/>.
Acesso em: 27 mai. 2022.
O ARTESANATO mais
Diversificado do Rio Grande do Norte. Prefeitura de
São Gonçalo do Amarante. São Gonçalo do Amarante. Disponível em: <https://saogoncalo.rn.gov.br/siteantigo/artesanato.php#:~:text=O%20Galo%20Branco%20%2D%20Um%20dos,da%20III%20Festa%20do%20Folclore>.
Acesso em: 27 mai. 2022.
SÁ, L. M. S. O Galo
Branco de São Gonçalo do Amarante: história e identidade. Orientador:
Vicente Vitoriano Marques de Carvalho. 2013. 23 f. TCC (Graduação) - Curso de
Licenciatura em Artes Visuais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/38128/2/Le%C3%ADze.pdf.
Acesso em: 27 mai. 2022.
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