Os Congos, também conhecidos como congados ou congadas, de uma maneira geral, são expressões da cultura popular brasileira que tiveram influência de diversos povos durante a colonização. Eles possuem esse nome em referência ao antigo reino do Congo, maior império africano existente. Em diferentes regiões do país, suas práticas possuem variações que as particularizam, porém todas elas representam adaptações de costumes e manifestações culturais dos negros escravizados da África.
A prática passou a ser permitida pelos colonizadores, principalmente pelas autoridades religiosas, como forma de facilitar a dominação e a consequente exploração do trabalho escravo. Os negros se viam representados pelos congos, uma vez que recordavam a memória de sua terra natal em meio ao sofrimento da escravidão. Era uma forma de apaziguar possíveis rebeliões. Devido ao controle da Igreja na realização dos congados, alguns elementos da cultura ibérica e do catolicismo penetraram o conjunto de suas características, representando, dessa forma, uma rica mistura de culturas diferenciadas e materializadas em um mesmo território.
Ao longo de um considerável decurso de tempo, os congos de calçola foram preservados e estão presentes até hoje no Brasil. Em se tratando especialmente dos Congos praticados em São Gonçalo do Amarante, não se sabe ao certo quando se iniciou, sabe-se que existem registros referentes a meados do século XVII, e os primeiros estudos sobre a prática foram realizados na década de 1970 com o historiador Deífilo Gurgel.
Os congos por todo o Brasil são autos que frequentemente costumam representar uma guerra entre dois reinos africanos, tendo um deles a Rainha Ginga. Portanto, retratam toda a história do conflito e como ele era fruto da forma como se organizavam social, política, cultural e economicamente essas etnias.
O primeiro mestre dos Congos de Calçola em São Gonçalo do Amarante foi João Fábio Bandeira, popularmente conhecido como João Menino. Nasceu no início do século XX e faleceu em 1978, com mais de 70 anos de idade. Durante toda a sua vida, dedicou-se à preservação e à valorização dos congos e da representatividade cultural brasileira dentro desse contexto. Em seguida, assumiu o mestre Lucas Teixeira, na década de 1980. Desde criança, já participava de algumas brincadeiras aos oito anos de idade. Organizou o grupo cultural até o ano de 2008 e, por complicações de saúde, faleceu em 2010. No lugar, entrou seu irmão Sérvulo Teixeira de Moura, que, de igual modo, preservou a manifestação cultural durante todos os dias de sua vida. Infelizmente, Sérvulo Teixeira falece em 2013. Por último, o novo mestre dos congados de São Gonçalo do Amarante passa a ser seu sobrinho neto, Gláucio Teixeira, o qual mantém vivos os costumes afro-brasileiros inerentes à expressão até hoje.
Fonte: Patrimônio Imaterial do RN
Referências Bibliográficas:
DANTAS, Anny Kelly Gomes. Os Congos de Calçola de São Gonçalo do Amarante. Patrimônio Imaterial do RN. Disponível em: https://patrimonioimateria.wixsite.com/patrimonioimaterial/congos-de-calola. Acesso em: 5 jul. 2022.
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